quarta-feira, 31 de agosto de 2016

QUADRA DO IMPEACHMENT


O golpe foi dado:
Temer agora gargalha,
Brasil foi tomado
Por um rato canalha.
(VFM)

QUADRA GOLPISTA


Nesse julgamento espúrio
Os golpistas fazem a festa,
O Temer, um tosco e besta,
Cospe no país seu mercúrio.
(VFM)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


Temer diz: "é coisa natural
O golpe e não há retrocesso.
Eu não peco pelo meu excesso,
Amar o demo não faz mal".

DUAS MICROCRÔNICAS DO IMPEACHMENT


1-
Votação no Senado:
- Se eu disser sim, o que eu ganho com isso?!
2-
- Vossa senhoria é contra ou a favor? Fale Dilma vez!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ai-cai


Saem lágrimas em fugas
Pelo rosto chuvoso dos anos,
Velhas calhas as rugas.

(VFM)

Poemeto


P/ Luciana

Naquele tempo vadio deitado ao léu
Pôde pensar no caroço do seu peito,
Que, montado no vento, corria como mel
Dentro do cinzeiro da alma, estreito.
Não adivinhava o que lhe ocorria,
Desenhando com os olhos a tolice.
Ignorava inútil o que não cria
E os avisos da mãe: "o que lhe disse?!".
Era ela que lavava a língua ao sol,
Circundando todo seu sonho indócil,
Diante daquela lágrima de tersol.
O coração, se martelando inseguro,
Perdido na terra como grande fóssil,
Viu naquele amor o silêncio mais puro.

(VFM)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

CONTINHO DE TERROR


Naquela noite, acordamos apreensivos com o irritante barulho de uma torneira aberta respingando insistentemente. Um som seco e tenebroso ecoava. Corremos aos banheiros e à cozinha da casa, mas nada encontramos. Foi quando, ao passarmos pela sala, vimos do quadro da nossa família pingar, de forma espessa, enferma e atormentadora, gotas de sangue.
No dia seguinte, toda a família estava morta, misteriosamente. Os corpos foram encontrados intatos, posturas quietas, cheios de silêncio, sono e moscas. Quando a polícia entrou se defrontou com o gato terminando de lamber sua tigela, os bigodes sujos e vermelhos, olhando a todos satisfeito, com volúpia religiosa.

(VFM)

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


O Temer também está na torcida,
Quer ver o Brasil com outra medalha,
Pois a do golpe já está vestida,
Agora ele quer outra de canalha.
(VFM)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MICROCRÔNICA OLÍMPICA


Ontem, no jogo da seleção masculina de futebol do Brasil pude gritar 4 vezes:
- É GOOOOLLLLLLL PE!!!

(vfm)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


Senado torna Dilma ré.
O golpe já se confirma,
Temer agora afirma:
- O Brasil é meu cabaré!
(VFM)

QUADRA GOLPISTA


O golpe segue em curso:
O Temer já comemora,
Cunha arma o bota-fora,
Cada um com seu recurso.
(vfm)

CONTOTIDIANO


- É só ele te trocar por outra que você me liga e lembra de mim né?!
- Não sei pra onde correr! Você é minha última esperança!
- Meu ombro não é poleiro pra tuas lágrimas. Já nem me dói mais ouvir tua voz afogada de pesar.
- Me ajude!
- Só se disser que me ama.
- Eu te amo.
- Obrigado. Eu não.
Ele desliga na cara dela. Nos olhos de ambos ficam presas as lágrimas do passado, passarinhos amaldiçoados proibidos de sair ao quintal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

MICROCRÔNICA POLÍTICA


José Serra recebeu R$23 milhões de caixa dois. Que isso, José? Não é Serra, José. É José Monte de dinheiro.

(VFM)

QUADRA INTERINA


O nosso espírito olímpico
Merece uma medalha de ouro.
"O pódio do Temer é um penico!",
Diz o povo gritando em coro.
(VFM)

QUADRA INTERINA


Nas Olimpíadas o Temer
Sabe qual sua modalidade:
Inconstitucionalidade!
Esporte que só a Globo quer.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

DENTE DE LEITE


Dente de leite,
Tenho sorriso franco,
Canjicas esparramadas
Nas feitiçarias da língua.
Arrancam-me
Obstinadas mãos,
Obturador olhos,
Dente de leite.
Cortiço de recordação,
Favos mal criados,
32 risos hipócritas;
Sem siso isso presta?
Dente de leite!
Alvo dos banguelas,
Boca que se abre
Pra auroras e janelas.
Peço-te, Morte, que não
Me leves a caridade
De sorrir falsamente
Aos beijos da nata.
Dente de leite,
O mundo anda mole
E o amor está postiço
No aparelho da vida.
Saiba que alguém come,
Com sua dentadura,
Dente de leite,
As palavras coalhadas.
(VFM)

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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

1 CONTO DE TERROR


Sempre fomos muito religiosos. Íamos à igreja todo fim de semana, em família, e orávamos diariamente. Estranhamos quando voltávamos pra casa e um cheiro de queimado infestava toda casa. Procurávamos, alardeados, pelos cômodos, mas não descobrimos o que era.
Com o passar do tempo, já desconsiderando o cheiro constante, mamãe começou a notar que a sua coleção de crucifixos, rosários e bíblias estavam sumindo aos poucos. Ela nos questionou, castigou e repreendeu. Eu e minha irmã negamos o ato e juramos por nosso senhor Jesus Cristo.
Certo dia, mamãe resolveu fazer faxina no porão de casa para colocar algumas coisas à venda. Tínhamos medo de ir lá pra baixo. Eu e minha irmã comentávamos entre nós que os pesadelos viam de lá, o que nossa mãe esbravejava. Foi quando ela ao adentrar na escuridão do porão, o qual as velharias adormeciam, que ela sentiu ainda mais forte o cheiro de queimado. Eu e minha irmã nos encontrávamos na sala brincando.
De repente, a porta se bate com agressividade. Mamãe lá embaixo ainda. Um calafrio percorreu meu corpo e o crucifixo que ficava pregado no alto da parede caiu. Não ouvimos nenhuma palavra. O silêncio nos assustava enormemente naquele momento.
Mamãe não ligou para a porta e continuou sua busca; a luz se esvaindo, o cheiro forte e o frio eriçando os pelos dos braços. Ela começou a orar, indo cada vez mais ao fundo, vasculhando a escuridão. No canto mais ermo do local, um bafo soprou-lhe a face, o que a fez recuar. Suas orações aumentaram e ela se agarrou a sua fé. Falava alto: "Deus é o todo poderoso e ele está no comando do mundo!", e repetia e repetia. Quando mamãe retirou algumas velhas caixas as quais encobriam uma certa fumaça, que ela pode ver aterrorizada de onde vinha o cheiro. As suas bíblias ardiam, página por página, misteriosamente, ao lado de outros crucifixos de sua coleção. Eis que mamãe recua após apagar as pequenas chamas, orando fortemente, e escuta gritos ensurdecedores. Ela corre, pois pensa que somos nós. Algo lhe agarra a perna. A luz se apaga completamente.
Da sala eu e minha irmã escutamos os gritos. Com falsa coragem, corremos até a porta do porão. Abrimos e gritamos por mamãe. Lá estava ela, se arrastando pela escada, os olhos revirados, nos olhando fixamente com terror, enquanto vomitava os seus crucifixos em borbotões.
(VFM)

Poesia sobre foto de Carlos Drummond de Andrade



quarta-feira, 3 de agosto de 2016