quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TRISTE OS OLHOS


(P/ um amor e dor)

Triste os olhos nas águas
Que sem qualquer esperança,
De saudade e lembrança,
São dois navios de mágoas.
Assim navegam perdidos
Na onda que lhes consome.
Choram os olhos feridos
No marulhar do teu nome.

(VFM)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CHRONOS


"A eternidade anda apaixonada pelas obras do tempo" (William Blake)

O tempo. O que é o tempo senão este desgaste do vazio
carregado por nossas mãos no irreparável desperdício.
O tempo. Esta provocação escandindo a nossa queda,
esta rebelião consagrada e maldita de nós mesmos. 
O tempo é a pura diversão anônima, que altera
irrecuperavelmente nosso juízo e pula em nossa distração.
O tempo é um parasita descarnado a desterrar o sonho da sociedade.
É a marca do princípio e fim em números que, por tolice, aceitamos
como eternos guardiões do cárcere da vida.
O homem é a condenação do mundo em seu tempo.

(VFM)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

LÁCTEO


(P/ Lêdo Ivo)

Teu seio de ovelha negra
Derrama o branco elixir
Das constelações em meu
Sonho pousado na terra.

(VFM)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

OLHEIRA


(P/ Nicanor Parra)

Olhos fundos e lágrimas
Cavadas entre o nariz
E o promontório.
Um pobre ser enterra
Sua miopia num fosso
Para criar algum horizonte,
Que permita ao espectador
Ver de perto alguns
Funerais. 

(VFM)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

MINICONTO


Acidente

De tão afoito atropelou as palavras. A língua recolheu os versos feridos. 

(VFM)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PARA MEU MESTRE MANOEL DE BARROS

DOR NA ALMA. DOR NA POESIA.

ACIMA DAS PALAVRAS

Acima das palavras
A presença da Poesia
E a sua encantação
Em desperdiçar silêncios.
Acima das palavras
O sol inventado para
Dar sombra a realidade
Nos olhos invisíveis.
Acima das palavras
A lua a roer as unhas
Das estrelas elogiadas
E dos despropósitos.
Acima das palavras
A presença da Poesia
E a sua encantação
Em fazer cocozinho
No infinito dos homens.

(VFM)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

TRADUÇÃO


Paisaje

El campo 
de olivos 
se abre y se cierra 
como un abanico. 
Sobre el olivar 
hay un cielo hundido 
y una lluvia oscura 
de luceros fríos. 
Tiembla junco y penumbra 
a la orilla del río. 
Se riza el aire gris. 
Los olivos, 
están cargados 
de gritos. 
Una bandada 
de pájaros cautivos, 
que mueven sus larguísimas 
colas en lo sombrío.

*

Paisagem 

o campo 
de olivas 
se abre e se fecha 
como um leque. 
sobre o bosque olivar
há um céu submerso 
e uma chuva escura 
de estrelas frias. 
treme junco e sombras 
pela margem do rio. 
ondulações no ar cinzento. 
as oliveiras 
estão carregadas 
de gritos. 
um bando 
de aves cativas 
movem suas longas 
caudas na escuridão.


Federico Garcia Lorca

(Tradução: VFM)

MICROCONTO


Moda religiosa

Já é hábito: No Padre não há quem bata.

(VFM)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

HAIKAI


O pranto nos meus olhos em roda
Não molha o chão ou o céu que
Lhe florescem, porém seca ela toda.

(VFM)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ATIREI


Atirei à água
Os tempos sem fim.
Atirei à água
A escuridão em mim.
Atirei à água
Os teus risos falsos.
Atirei à água
Os vidros descalços.
Atire-me à água.

(VFM)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

DÚVIDAS


Entre dúvidas sigo fendido
Ao que me aviva e padeço.
Sou de dúvidas o que pareço
E assim tudo me faz sentido.
Se da verdade eu me esqueço,
Contra mim mesmo assim perdido,
Apenas sou um pó iludido
Que vê no seu fim o seu começo.
Agora as urgentes perguntas
Que me foram pelo mundo dadas
São respostas doces ou salgadas?
Digo o que sei. Seguem elas juntas
A tudo que me abre e entro
E a tudo que me dói por dentro.

(VFM)

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O GATO XADREZ


O gato xadrez
Virou manchete
Caiu do foguete,
Primeira vez.
7 menos 1, seis.
O gato xadrez,
Levado animal,
Comeu um brinco.
Morreu? Talvez.
Não faz mal.
6 menos 1, cinco.
O gato xadrez,
Muito levado,
(Como é que fez?)
Engoliu um retrato,
E foi sepultado.
5 menos 1, quatro.
O gato xadrez
Andando seguro
Caiu em buraco
Pra lá de escuro,
Ficou um caco.
(Morreu de vez?)
4 menos 1, três.
O gato xadrez
- O que ele fez? –
Brigou, anos depois,
Com cão holandês.
Morreu? Talvez.
3 menos 1, dois.
O gato xadrez
- Sem vergonha! –
Roubou a pluma
Da dona cegonha,
Pois queria voar,
Do morro ia saltar.
Ô gato xadrez
- Sai daí, vai, suma!,
Pela última vez,
Te dou comida!
Aviso: De vida
Só tem mais uma. -
O gato xadrez
Não tinha juízo
- Morreu de vez? -
Morreu de riso.

(VFM)

Homenagem


Bashô
Um haikai
Em mim.

(VFM)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

POEMA


TIA MÁRCIA
em memória
A lembrança floresce
Quando a palavra
Despetala seu nome.
Os olhos estão a aguar
Onde você flor.

(VFM)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

HAIKAI


Diga-me por quem são esses ais
Que os teus olhos não dizem,
Mas deixam impressões digitais?

(VFM)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

QUADRA


Passa no céu a lua do esquecimento. 
Talvez uma música diga o meu nome
No instante febril do remoto vento
E possamos beijar o que em nós some.

(VFM)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

POEMA

Pelo seu anivermemorável:

ELZIRA MAGALHÃES
(In memorian da minha avó)

ELZIRA MAGALHÃES
quer voar, mas segura
os cabelos no labirinto.
traz nos bolsos o amor
urdido pelos carimbos
no formato das lágrimas.
ELZIRA MAGALHÃES
se condensou em soluço
e por isso bebo água
para saber que o sonho
eterno que ela me deu
é um dilatado musgo.
ELZIRA MAGALHÃES
vive a testemunhar
a poesia que se faz,
como barricada, para
cuidar da terra - tempo-,
no riso de neto a neto.
ELZIRA MAGALHÃES
é o meu alegre carinho,
(permanentemente longo)
que um acidente da vida
me cavou, com toda a dor,
na minha mão profunda.

(VFM)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

SONETO


Os móveis são os mesmos, emocionados,
E o vento bate três vezes os anos,
Onde jasmins invictos, artesianos,
ornaram todos os passos malcriados.

E que muito além da charneca rude
há um florido campo de margarida,
mas que o perfume intenso da vida
envolve, arrebata acalenta e ilude!

A porta duvidava a vasta vista,
A luz se dissipando na maçaneta,
Nessa desabitada mão do poeta.

O olhar distante, abolicionista,
Abre-se ao silêncio inquisitivo
Que me adentra e sopra: está vivo.

VFM + Walter Ianni

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Haikais

I

É muito difícil
Explodir o que sinto:
I míssil you.

II

Edifício
Explodir o que sinto:
I míssil you.

(VFM)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

terça-feira, 9 de setembro de 2014

sábado, 6 de setembro de 2014

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ENTREVISTA


Dei uma entrevista para o jornal Comunidade Ativa do grande camarada Casalberto Rocha sobre Poesia nas redes sociais. Confira a entrevista na íntegra no link: http://goo.gl/GcjbCS


MICROCONTO


O Pecado

As maçãs do rosto, rubras e suculentas, denunciaram Eva. 

(VFM)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

MINICONTO


Aula de etiqueta política
Para colarinho branco:
1- Não lavar na máquina do Governo.
2- Torcer para não ser pego.

(VFM)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

MINICONTO


Puta da vida

Após o programa:

O Cliente: - Você tem namorado?

A puta: - Não se meta na minha vida.

(VFM)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ASSIM É O POEMA



Assim é o poema:
Embarcação com
Nossa primeira e
Última palavra, em
Movimento perene,
No vazio do mar.

(VFM)

quarta-feira, 30 de julho de 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

quinta-feira, 24 de julho de 2014

MICROCRÔNICA POLÍTICA MINEIRA


- Cláudio! Não sei o que passa, mas você anda muito voado.
(VFM)

ENCONTRO LITERÁRIO (HOMENAGEM)


E disse João Rubem Suassuna:

- "Quando eu era menino", "Sargento Getúlio", sentado "nA Pedra do reino" eu olhava o céu com compromisso de poesia e escrevia em brancas nuvens com raios e trovões as minhas histórias.

(VFM)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

sexta-feira, 18 de julho de 2014

HISTÓRIA ADVERBIAL EM TEMPOS DE GUERRA


Hoje cedo eles, sucessivamente, declararam que, de repente, o sangue seria, entrementes, a cor da cidade. Afinal, de quando em quando, eles revezavam, doravante a situação, com o tom da fumaça. "Amanhã, às vezes, deixaremos provisoriamente o povo se tingir de luto", asseveraram. Logo depois, ao pôr do sol, o barulho começou, amiúde. 

Desde então, os vivos esperam usar a bandeira branca, que agora é utilizada para cobrir, por fim, os mortos. 

A paz é um sonho colorido e breve. A guerra é a tinta do mundo. Permanece agora e sempre, dentro e fora de nós, longe ou perto, até tarde. A dor é um matiz que nunca se apaga. A paz é jamais.

(VFM)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

MICROCONTO


Cabeleireiro

Ele era chapa quente. Por isso, sua vida estava por um fio. Permanente.

(VFM)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

domingo, 6 de julho de 2014

POEMA PARA A TRAGÉDIA EM BH - 3/7/2014

DEBAIXO DA PONTE RECOLHO OS RESÍDUOS DA NOITE


debaixo da ponte recolho os resíduos da noite
após o passeio afogado do sol dentro de nós.
tudo aconteceu tão rápido, que alguém olha
estes versos c/ o mesmo piscar que um lobo
dá ao decidir cuidar de um rebanho de ovelhas,
devorando do mercúrio à nuvem, da cidade
às palavras, do cemitério ao corpo que dizia:
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite.
o céu desabou sobre o sonho de hanna que
guiava famílias por vias arquitetadas de tristeza,
onde charles transitava com um olhar grave.
a vida foi-lhes uma passagem cara de concreto.
os braços estendidos ligavam como viaduto
o pedido de socorro sufocado pelo aço. sirenes
se tingiram de pânico e sangue e outras cores
amargas de dor, no qual o dia falecia na literatura
de ivan e no processo de choro de kafka dentro
do ônibus, que ia em busca de um nome p/
o prato de comida metamorfoseado em fome.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite,
como se garimpasse atrás de ouro e só
encontrasse (por azar?) ossos e ossos e ossos.
o coração, esmagado de suor, dava nova
forma ao silêncio, moldando a carne ao sabor
triste, duro, duro, duro e oneroso da pedra.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite,
pois não se conta os mortos da mesma
maneira que as madrugadas ou as notas.
apagaram-se os sorrisos festivos do sol, disse
alguém sujo de indgnação, raiva e poeira.
não há p/ onde fugir. não adianta fechar os
olhos. sombras sinalizam o caminho,
dividindo em duas faixas este dia: morte e
negligência. p/ onde seguir quando precisamos
seguir em frente? agora o passado é uma
corcunda e meus olhos um animal ferido.
achávamos a salvo diante da nossa escolha,
mas o sol definitivamente se foi.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite,
escrevendo no amanhã o trágico destino
da casa vazia, da cama vazia, dos filhos vazios.
o que resta é uma serpente rubra de água
no rosto passageiro dos enganados homens
e o medo e o medo e o medo e o medo.
agora o imperador coça a barba com o seu
cetro, fingindo uma lástima, procurando desvios
p/ o acidente das horas nas últimas luzes.
o imperador não se importa. está cansado
contando a soma dos seus lucros e bens.
o nome da sua rua é diferente, cheio de
capachos aos pés p/ pisar a cidade, destruir
a cidade, demolir os homens na cidade.
o imperador vive na lua e olha de cima
os destroços e as chuvas ácidas que caem
sobre nós. nada vai acontecer. nada vai
amarrotar a roupa engomada do imperador.
continuaremos engolindo secamente seu poder,
continuaremos fazendo o sinal da cruz ou
sinal ao ônibus p/ atravessar a rota da vida.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite,
até que a corrupção limpe os detritos dos corpos,
que seguem corretos pela estrada em um
destino fúnebre e totalmente sem volta.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite,
onde o imperador aniquila a fé em são joão batista,
decapitando diversos inocentes e se deliciando
com a cidade morta em uma bandeja.
debaixo da ponte recolho os resíduos da noite.

(VFM)

terça-feira, 1 de julho de 2014

segunda-feira, 30 de junho de 2014

sexta-feira, 27 de junho de 2014

DESLIGADO


Como é bom não vê-la
Aqui nesta estrofe.
No alto uma estrela
Se desliga. Estou só.
O meu amor está off.

(VFM)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

quarta-feira, 18 de junho de 2014

EPIGRAMA P/ COPA


"em berço esplêndido"
batemos boca, batemos bola,
mas não batemos continência.
"em berço esplêndido"
batemos papo, batemos palmas,
mas não batemos sobre ordens.
"em berço esplêndido"
batemos o pé, mas não batemos!
e assim corre, entre bombas e gás,
o progresso.

(VFM)

terça-feira, 17 de junho de 2014

NO BRASIL DÁ COPA É ASSIM



Político não dá saúde, alimentação, transporte e educação, mas ele dá bola pro povo na hora do voto.

(VFM)

sábado, 14 de junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

segunda-feira, 2 de junho de 2014

MINICONTO


AMERICAN WAY OF LIFE

Compraram um apartamento miúdo. Quarto e sala e uma cozinha americana, onde diariamente havia, entre os filhos, guerra de comida.

(VFM)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

quarta-feira, 28 de maio de 2014