Descia, em tropel, abrindo a mata selvagem, a matilha de lágrimas, até o estuário da boca. Teus olhos fremiam, em badalos. O chão é que recolhia, no escuro advento do passado, a tua forma aquífera.
A Lua se enclausura de dia para se apaixonar a noite. A Lua não se cansa de enluarar os homens. A Lua é minha múltipla amante. O leito perpétuo dos meus prazeres e sonhos. Tu és a Lua!
(VFM)
domingo, 17 de outubro de 2010
No sítio das minhas palavras eu pastoreio o teu nome. Teu corpo é o prado onde minha visão se perde. Tua boca é a estrada em que vivo buscando meu destino. Deito meus sonhos no teu horizonte. Meu coração, ah!, torço para que ele floresça em teu fecundo peito.
Até hoje não esqueço o apito na estação. O assovio montava a confusão, trilhando o percurso quando você vinha, bagunçando as pedras que montavam o meu coração.
Espero que sempre se lembre, sempre, das noites que foram dias aprazíveis no horizonte, dos dias revirados nas noites, que de cócegas fizemos no tempo, e da companhia que tivemos, cada um na solidão, nos braços da despedida.
Toda guerra enche os beijos de pólvora. Sombras de sangue. Lágrimas explodidas. Ó pátria fendida, tende piedade dos sonhos bons. Não quero ter olhos cúmplices, ó guerra! Deixe as mãos no repouso de um amor. Teus filhos querem histórias alegres. Que a única morte seja a tua, infiel.
Ata tua boca com a fita do meu desejo. Ata tua boca com a imensidão e a brevidade. Ata tua boca com a fome do meu ser. Ata tua boca a minha, com todas as linhas. Ata tua boca! Ata, com as mentiras e mistérios.
A lua parada no bosque escuro... Uma estrela, abafada pela noite, uiva. No recanto do céu, um sonho vagabundo dormita na quentura pacífica da madrugada. Eu fingia que não via nada, só o bocejo do silêncio.