Sonhei que tu me seguias deserta, com a paz n'alma, palmilhando nuvens com os pés, célere, só para confessar teu amor. Mas quando acordei de paixão, banhado de fogo, pressenti que meu sonho era somente um livro, com páginas que se repetiam, grafado de mar e espuma, ILUSÃO.
Dentro de mim corre um rio, que é oprimido por duas margens, do amor e da saudade. O único peixe que nele nada, corre sem destino, atrás de uma nascente inalcançada.
Através da chuva sussurrante, eu te enxergava infinitamente diáfana e sem o riso nos lábios dantes. Você se refletia somente em uma lágrima inclinada e mais nada transparecia... Mesmo depois do rio que fizemos, a chorona ampulheta das nuvens, suspirava, desenhava, e, aborrecida, convertia teu rosto em uma paixão calorosa de sol.
Temporal e consecutivo, eu te buscava, esperançoso, na tentativa de que seu pingo humano fracassasse em ruir. Perdi muito com sua boca, que tremia de frio, um navio ao mar crescente, quase se afogando de sonhos, com sua vela quebrada, na praia rija; possivelmente lá seu coração sobrevivia.
Depois... Depois... Com um gesto fraco, como foragido sem valia, fatigado, a alma – nossa alma – transformada, expirava de amor... E gemia.
Quanto eu chorei ao imaginar chover lírios, com fúria de esquecimento, lentas águas de pensamento, atropelado de mar e terra. Foi então, assumindo o fato, que pensei: lágrima derramada não é água, é ilegível palavra, nau desembarcada de mágoa, biblioteca desfeita em um só dia, perfumada.